PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO  DO CURSO DE LETRAS

DO CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

(PPLetras – CFP/UFCG)



I – IDENTIFICAÇÃO GERAL

1. NOME DO CURSO: Licenciatura Plena em Letras (Permanece o termo “Plena”?)

2. HABILITAÇÕES:

2.1. Habilitação I: Língua Vernácula

2.2. Habilitação II: Língua Vernácula e Língua Inglesa (????)

3. CRIAÇÃO: Resolução 136 do CONSUNI/UFPB, de 19/04/1979

4. RECONHECIMENTO: Portaria Ministerial 712, de 23/12/81

5. CÓDIGO DO CURSO: 08

6. REGIME ACADÊMICO: Semestral/Créditos

7. TURNOS: Diurno (manhã) e Noturno

8. DURAÇÃO:

 

HABILITAÇÃO

TURNO

ANOS

HORAS

Mínimo

Máximo

Língua Vernácula

Diurno

4 anos

6 anos

2.580

Língua Vernácula

Noturno

4 anos e meio

6 anos e meio

2.580

Língua Vernácula e Língua Inglesa

Diurno

4 anos e meio

6 anos e meio

3.045

Língua Vernácula e Língua Inglesa

Noturno

5 anos e meio

7 anos e meio

3.045

 

9.  REGULAMENTAÇÃO PROFISSIONAL: (Registro DEMEC??)

 

10. RESOLUÇÃO DO CONSEPE QUE APROVA O ATUAL PROJETO:

Resolução Nº/02, do CONSEPE/UFCG

II – HISTÓRICO DO CURSO

 

1.       Origem

           Antes de funcionar no Centro de Formação de Professores, o Curso de Letras era vinculado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC), mantida pela Fundação de Ensino Superior de Cajazeiras (FESC), instituição privada sem fins lucrativos criada pela Diocese local. A autorização para funcionamento do Curso na FAFIC se deu em 09/08/74, mediante Decreto Nº 74.385. O primeiro reconhecimento do Curso ocorreu em  30/06/76, pelo Decreto Nº 77.949.


           Conforme atesta  o relatório do Parecer nº 320/79, do CLN, a FESC, não tendo finalidade lucrativa, realizava um grande esforço  para manter, em bom padrão de qualidade os cursos que oferecia através da FAFIC, que em apenas 8 anos de funcionamento graduara mais de 1.000 (mil) licenciados, em sua quase totalidade aproveitados na rede escolar dos municípios do interior da Paraíba, que era um dos Estados de mais alto índice de professorado leigo, no Ensino Fundamental e Médio de todo o País. A FAFIC, entretanto, responsabilizava-se pelo custeio de 80% da receita da anuidade paga por seus alunos, o que acabou por se constituir um entrave para a manutenção da qualidade de seus cursos. Desse modo, teve início o processo de incorporação da FAFIC à UFPB, a fim de que se consolidasse e preservasse o nível qualitativo dos cursos daquela faculdade, somente possível mediante ampliação da participação do Poder Público Federal no esforço de escolarização de 3º grau na região.


             A incorporação da FAFIC à UFPB já era prevista nos estatutos de ambas as instituições. No Estatuto da FESC, devidamente registrado em cartório, previa-se a possibilidade de a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras integrar-se a qualquer Universidade existente no Estado. Igualmente, o Estatuto da UFPB previa a perspectiva de abertura de novas frentes de trabalho acadêmico, como forma de integração regional, conforme atesta art. 8º, parágrafo único: “A Universidade poderá implantar, independentemente de alteração estatutária outros campi, no interior do Estado da Paraíba (...) desde que a medida seja indispensável para tornar efetiva sua atuação no desenvolvimento regional”.


            Na época em que assumiu os cursos de Graduação da FAFIC, a UFPB contava já com 50 cursos de Graduação em pleno funcionamento; 24 cursos de Mestrado e 01 de Doutorado; 16.084 alunos de Graduação, 780 de Pós-graduação e 2.100 docentes. As atividades permanentes de ensino, pesquisa e extensão estavam distribuídas em quatro campi, a saber: o de João Pessoa, sede da Administração Superior da Universidade; o de Campina Grande, predominantemente tecnológico e então em fase de expansão; o de Areia, destinado especialmente às Ciências Agrárias; e o Campus de Bananeiras, onde foi instalado o Centro de Formação de Tecnólogos.


            Essa estrutura multicampi, resultante do esforço da UFPB em atender as peculiaridades de configuração territorial do Estado, corroborou a necessidade de incorporação da FAFIC, que então passaria a constituir mais uma das ‘bases físicas integradas’ em que já vinha desenvolvendo suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.


            Para que os cursos da FAFIC pudessem ser incorporados à UFPB, foi criado o Centro de Humanidades (Resolução nº 136/79, do Conselho Universitário), vinculado ao campus de Campina Grande, para nele funcionarem as licenciaturas de 1º grau em Estudos Sociais e Ciências e as plenas em Geografia, História e Letras. Tratou-se esta de uma medida provisória até que se criasse o Centro de Formação de Professores, Campus V da UFPB, com sede em Cajazeiras, cuja implantação se deu pouco depois através de Resolução nº 62/79, do Conselho Universitário (CONSUNI) e mediante aprovação de recursos pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República (SEPLAN/PR). Coube à Prefeitura Municipal de Cajazeiras fazer a doação à UFPB de um terreno de 30 hectares na cidade para a construção do Campus V (doc. nº 20, cf. documenta 220, Brasília, mar./1979).


            No mesmo ano em que se deu a incorporação da FAFIC à UFPB, foi aprovada a primeira estrutura curricular do Curso de Letras, estabelecida mediante Resolução 44/79, do CONSEPE/UFPB. O reconhecimento do Curso de Letras, então do Centro de Formação de Professores, Campus V da UFPB,  foi obtido mediante a Portaria 712, de 23/12/1981, do Ministério da Educação e Cultura.

 

2. A criação da habilitações em Língua Vernácula

             Por volta de 1982, teve início o processo que resultou no desmembramento da única habilitação existente no curso (português-inglês) em duas (Língua Vernácula e Língua Inglesa e Língua Vernácula). Inicialmente, conforme atesta o processo Nº 0362/82, cujo interessado era a Coordenação de Letras do  CFP, a mudança na estrutura curricular tratava-se de uma reforma com vistas ao aumento de disciplinas do currículo mínimo, complementares obrigatórias e complementares optativas, atendendo assim reivindicações dos alunos. O processo evoluiu em seguida para além da ampliação de disciplinas, configurando-se numa proposta de criação da nova habilitação (Língua Vernácula), visando atender interesses dos alunos do Curso que, conforme pesquisa realizada  pela Coordenação do Curso à época, estavam divididos, quase meio a meio, quanto ao seu interesse por uma ou outra habilitação. A proposta, entretanto, só se concretizou em 1985, quando finalmente foi aprovada a alteração da estrutura curricular do Curso de Letras(Resolução 21/85, do CONSEPE).

III – JUSTIFICATIVA PARA A REFORMULAÇÃO

             O Curso de Letras tem promovido ao longo dos últimos anos  amplos eventos de interlocução com vistas a discutir a sua atual conjuntura e buscar alternativas para solucionar problemas de ordem técnico-pedagógica constatados desde a sua última reforma, em 1985, em consonância com  as transformações vivenciadas de lá para cá no âmbito da Educação e tendo em vista as exigências das novas políticas estabelecidas pelo MEC, a exemplo da  nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), instituída pela Lei Nº 9394, de 20/12/96, e das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Letras, entre outros, aprovadas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) em 2001.


             No que diz respeito ao aspecto técnico-pedagógico, a atual estrutura curricular do Curso de Letras do CFP, a despeito da reforma de 1985, ainda apresenta algumas situações que se configuram como entrave ao desenvolvimento pleno e adequado do aluno ao longo do Curso.


             Constata-se inicialmente que a integralização curricular pelo aluno tem sido prejudicada na atual grade, nas duas habilitações, pelo acentuado número de disciplinas com pré-requisitos, impedindo assim a conclusão do curso  em seu tempo mínimo e, portanto, aumentando a retenção de alunos. Observe-se, a título de exemplo, que as disciplinas de Língua Portuguesa (Habilitação I), da atual grade, estão atreladas do 1º ao 7º período do Curso, impedindo qualquer tentativa de avanço do aluno na integralização dessas disciplinas. Mesmo disciplinas não diretamente relacionadas quanto ao seu conteúdo são, na atual grade, pré-requisito uma da outra, a exemplo de Língua Portuguesa VIRAM (cuja ementa trata da formação histórica do português), pré-requisito de Língua Portuguesa VII (cujo objeto é a Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa). Esta última, por sua vez, embora indispensável para ambas as habilitações do Curso, é atualmente oferecida apenas para a habilitação em Língua Vernácula.


              Nas duas atuais habilitações constata-se também que as disciplinas do currículo mínimo em vigor não cobrem certos conteúdos básicos, como “Semântica”, “Lexicologia”; outros componentes, igualmente considerados básicos, como “Estilística”, são atualmente complementares,  enquanto outros ainda, menos relevantes do ponto do vista do currículo mínimo, são obrigatórios no atual currículo de Letras, como “Literatura Latina”.


              Observa-se ainda que o desmembramento do Curso em duas habilitações, através da reforma de 1985, não resolveu o problema constatado à época: a carência na carga didática da habilitação em Língua Vernácula e Língua Inglesa, que tendo como objetivo habilitar o aluno para o ensino da língua vernácula e da língua inglesa, difere da habilitação em Língua Vernácula por apenas 155 horas, o que implica a redução, naquela habilitação, da carga didática de vários conteúdos das áreas de língua portuguesa, literatura brasileira, literatura portuguesa, lingüística, etc., obviamente gerando lacunas na formação do aluno dessa habilitação, sendo de longa data a reivindicação de alunos e professores do Curso para que se corrijam tal problema.


              No turno noturno, em que funcionam também as duas habilitações mencionadas, a despeito de cada uma dessas habilitações ter um período a mais do que no turno diurno, os problemas até aqui levantados são equivalentes e ainda mais agravados pelo fato de, naquele turno, só haver 4 horas/aulas diárias, situação devida ao fato de grande parte dos alunos de Letras, e do CFP de modo geral, residirem em outras cidades, das quais têm que se deslocar, muitas vezes, com mais de 2 horas de antecedência para assistir às aulas em Cajazeiras. Em pesquisa informal com os alunos desse turnos sobre a possibilidade de aumentar uma aula à noite para ampliar a carga didática atual, a grande maioria preferiu que se mantivessem as atuais 04 aulas por noite e que, se necessário, se ampliasse a quantidade de períodos do Curso.


               Quanto aos ementários oficiais das disciplinas integrantes do atual currículo do Curso, verifica-se que se apresentam desatualizadas em relação aos conteúdos efetivamente ministrados.


               Situação particularmente grave no atual currículo do Curso se dá com a Prática de Ensino, atualmente efetivada apenas no último período do curso e a critério do professor da disciplina, sem um efetivo envolvimento das diferentes áreas e profissionais do Curso. Essa situação dificulta enormemente a vivência significativa e o acompanhamento efetivo dos educandos no confronto com os problemas reais do ensino-aprendizagem nas escolas e mesmo ao longo do Curso.


               Acresce ainda que a pouca diversidade dos componentes do atual currículo restringe a formação do aluno praticamente às disciplinas ministradas em sala de aula, à grade curricular tradicional, sendo poucas as possibilidades oferecidas ao desenvolvimento de outras atividades que  conduzam à formação e consolidação de hábitos de pesquisa e à sua independência intelectual. Observe-se que essa situação tende a reduzir o processo de ensino-aprendizagem à aula expositiva, minimizando também as possibilidades do professor enquanto orientador/pesquisador.

Tendo em vista as questões acima levantadas, torna-se evidente que a reformulação da organização técnico-pedagógica do Curso de Letras é indispensável e urgente e que essa reformulação deverá levar em consideração:


a)   Uma maior flexibilidade da grade curricular quanto aos pré-requisitos das disciplinas;


b)   A ampliação da compreensão do currículo para além da noção de encadeamento de disciplinas;


c)   A ampliação de conteúdos de modo a atender as exigências do currículo mínimo nacional ou para equalizar a diferentes exigências de carga didática entre as habilitações e turnos do Curso;


d)   A diversificação dos componentes curriculares, validando outras formas de atividades desenvolvidas pelo aluno ao longo de sua formação;


e)   O perfil do profissional em Letras que queremos formar no processo de construção do conhecimento e da organização desse conhecimento, possibilitando ao aluno situar-se criticamente em sua atividade profissional – quer seja ela o ensino básico ou universitário – quanto aos fatos da linguagem.


f) A implementação de uma prática de ensino efetiva, a partir de uma proposta de trabalho coletiva, envolvendo representantes de todas as áreas do Curso, e cujas atividades sejam distribuídas ao longo do Curso, e não apenas no último período.

 


IV– MARCO TEÓRICO/METODOLOGIA

 

1. Um novo perfil de educador em Letras


É consensual a observação de que a formação dada aos profissionais com a atual estrutura do Curso de Letras do CFP não constitui atributo suficiente para a geração do perfil profissional que se impõe no contexto das mudanças que vêm ocorrendo na Educação e sociedade de forma geral nas últimas décadas.


Um novo perfil de professor está sendo gestado a partir de práticas pedagógicas, da atuação da categoria e da demanda social. As discussões em torno das reformas a serem operacionalizadas no Curso de Letras têm demonstrado que as estratégias de intervenção implantadas pelo MEC no sistema educacional, sobretudo as advindas com os pressupostos estabelecidos com a nova LDB, estão exigindo mudanças na formação e atuação de professores, nas ações e políticas dos cursos de graduação, com vistas à elevação do nível de qualificação dos educandos e educadores. Segundo o capítulo IV da LDB (artigos de 44 a 57), são metas do processo educativo:

1. estimular a criação cultural, o desenvolvimento de espírito científico e do pensamento reflexivo (Art. 43, I);


2. formar diplomados (...) aptos para inserção em setores profissionais, (...) para participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;


3. incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;


4. promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;


5. estimular o conhecimento de problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;


6. promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica.


Tais metas refletem anseios antigos dos educadores, não só no tocante à melhoria da qualidade de vida, mas em relação ao exercício pleno da cidadania. Nesse contexto, as reformas são uma evidência das reavaliações constantes verificadas na Universidade, no currículo dos cursos e, mais ainda, no processo ensino-aprendizagem.


Nessa proposta de reformulação curricular, entende-se que  os papéis de professores e alunos têm que ser redimensionados, devendo os primeiros (professores) figurarem como orientadores da aprendizagem do aluno na aquisição e construção da base teórica e prática de conhecimentos que permitam o desencadeamento de ações criativas, reflexivas e críticas, tanto em sua vivência acadêmica quanto no trabalho escolar.


O professor do Curso de Letras, mais do que transmitir informação, deve propiciar a reflexão sobre o objeto de ensino de sua disciplina, quer seja este a língua, a literatura, a leitura, a produção de textos, etc.., enfatizando a construção e reconstrução de conhecimentos relevantes para a compreensão da realidade interior e exterior do educando e a solução de situações-problema. Do aluno, por outro lado, espera-se a assunção de uma postura crítica, ativa diante do conhecimento compartilhado com o professor e com os colegas, na sala de aula e fora dela, ensejando a constante realimentação/recriação do processo de ensino-aprendizagem.



2. O objeto do Curso

 
O objeto privilegiado do Curso de Letras do CFP é a linguagem verbal humana em suas diferentes modalidades – orais e escritas – e usos – informativo-referencial,  estético, metalingüístico, etc. A linguagem, assim, é entendida como mediadora e resultante de manifestações socioculturais situadas. No âmbito do ensino, quer de língua vernácula quer de língua estrangeira, a linguagem é ao mesmo tempo objeto e instrumento da ação pedagógica, cabendo ao professor de língua compreendê-la e trabalhá-la nessa dupla dimensão, a de conhecimento científico e forma de interação. (Acrescentar informações sobre o que o Curso entende como objeto de estudo nas áreas de Literatura e Língua Estrangeira!!!)
 


3.      A noção de currículo



A noção de currículo, por sua vez, não mais poderá ser entendida como uma ‘grade’, e sim, como o conjunto amplo de atividades acadêmicas (componentes curriculares) desenvolvidas pelo aluno ao longo do curso e relevantes para sua formação global, incluindo, além dos conteúdos  mínimos, essenciais do Curso, outras atividades, atualmente entendidas como extracurriculares, com possibilidade de aproveitamento como créditos na integralização do currículo. De forma mais específica, constituirão componentes curriculares relevantes, e válidos em termos de créditos, na formação do profissional em Letras do Centro de Formação de Professores, além das tradicionais disciplinas, outros tipos de componentes curriculares, a saber:


·      a participação do aluno em eventos acadêmicos relevantes para a ampliação e aprofundamento do saber abordado em sala de aula;


·      a participação do aluno em projetos de ensino, pesquisa e extensão, de caráter institucional (PIBIC, PROBEX, PROLICEN, etc.) ou individual, vinculados ao Departamento ou a Departamentos de áreas afins.


Por outro lado, a formação em Letras deverá prever componentes mais flexíveis, de modo a favorecer a participação do aluno na construção de seu currículo. Trata-se aqui de componentes curriculares que poderão, a critério do professor e/ou dos alunos, e de acordo com regulamentação do Colegiado do Curso,  abordar conteúdos específicos, e de forma mais aprofundada, não contemplados nas ementas dos demais componentes/disciplinas. Exemplo disso são os componentes adiante especificados como Tópicos Especiais (TE) e Seminários Temáticos (ST). Além disso, poder-se-á permitir ao aluno utilizar parte dos créditos optativos do currículo para cursar, em outros cursos desta ou de outra  Instituição Superior de Ensino (?), disciplinas que considere relevante para sua formação interdisciplinar, a que se poderá chamar disciplinas Optativas Livres (DOL). Nessa perspectiva, um aluno interessado em Literatura Trovadoresca, por exemplo, poderá aprofundar interdisciplinarmente os conhecimentos sobre esse tema cursando uma disciplina do tipo “História Medieval”, no Curso de História[1].


De forma geral, os componentes curriculares devem refletir a autonomia teórica, sem perder, contudo, a sua vinculação com o universo sócio-cultural e experiencial dos educandos. Assim, espera-se que a reformulação de ementas e conteúdos na estrutura do Curso de Letras, refletindo tal contexto, permita a definição clara de uma postura mais investigativa, que garanta aos alunos, em situações de ensino-aprendizagem, sistematização e produção de conhecimentos, além da articulação entre atividades de ensino, pesquisa e extensão.

 

4. A prática de ensino

 


A prática de ensino, como vem sendo efetivada nos últimos anos no Curso de Letras do CFP (apenas no último período da formação), não tem propiciado aos aprendizes o contato e as condições necessárias para que os mesmos possam conhecer, com profundidade, o contexto educacional em que atuarão. Além disso, faz-se necessário adequar a Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado do Curso de Letras às exigências do CNE (Conselho Nacional de Educação) que, em sua Resolução Nº         , de ___/___/____, prevê, para cada um desses componentes, 400 horas de atividades curriculares, desenvolvidas, ao longo do Curso, no caso da Prática, e a partir de sua metade, no caso do estágio,. A implantação dessas 800 horas deverá propiciar aos educandos o contato com outros complicadores da prática pedagógica, seja com relação aos objetivos do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental e Médio, seja com relação aos elementos caracterizadores das condições psico-sócio-lingüísticas dos escolares, seja no mapeamento das peculiaridades das instituições escolares onde atuarão. A fim de assegurar tal propósito, a Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado no Curso de Letras resultarão numa série de atividades relacionadas à prática pedagógica de língua portuguesa e/ou língua inglesa, distribuídas ao longo do Curso, em componentes curriculares diversos, contemplando os seguintes enfoques, conforme a Habilitação:

 


(A parte a seguir precisa ser adaptada às novas exigências das 800 horas mencionadas acima!!!!)

 

1 – Habilitação I: Língua Vernácula:


a)   discussão de problemas relacionados à prática pedagógica no ensino de língua portuguesa, através de disciplinas em forma de seminário (Seminário de Prática de Ensino da Língua Portuguesa I e II), desenvolvidas nos períodos iniciais do Curso;


b)   discussão e análise dos objetivos, problemas e propostas metodológicas do ensino da gramática, da leitura e da produção de textos em língua portuguesa, através de disciplinas de Didática do Ensino (Didática do Ensino da Língua Portuguesa I e II), ofertadas nos períodos intermediários do Curso;


c)   discussão e análise dos objetivos, problemas e propostas metodológicas do ensino da literatura de língua portuguesa, através de uma disciplina de Didática do Ensino da Literatura, ofertada em período intermediário do Curso;


d)   planejamento e elaboração de Projeto de Estágio (Prática de Ensino da Língua Portuguesa I) em língua portuguesa, realizado ao longo do Curso, a partir do diagnóstico da realidade escolar, no penúltimo período do Curso;


e)   execução do Projeto de Estágio em Língua Portuguesa e elaboração e defesa de Relatório Descritivo-analítico do Estágio (Prática de Ensino da Língua Portuguesa II), no último período do Curso.

 

2 -- Habilitação II: Língua Vernácula e Língua Inglesa          


a)   discussão de problemas relacionados à prática pedagógica no ensino de língua portuguesa e da língua inglesa, através de disciplinas em forma de seminário (Seminário de Prática de Ensino da Língua Portuguesa I e II; Seminário de Prática de Ensino da Língua Inglesa), desenvolvidas nos períodos iniciais do Curso;


b)   discussão e análise dos objetivos, problemas e propostas metodológicas do ensino da gramática, da leitura e da produção de textos em língua portuguesa e em língua inglesa, através de disciplinas de Didática do Ensino (Didática do Ensino da Língua Portuguesa I e II; Didática do Ensino da Língua Inglesa I e II), ofertadas nos períodos intermediários do Curso;


c)   planejamento e elaboração de Projeto de Estágio em língua portuguesa e língua inglesa (Prática de Ensino da Língua Portuguesa I e Prática de Ensino da Língua Inglesa I), realizado ao longo do Curso, a partir do diagnóstico da realidade escolar, no antepenúltimo e penúltimo períodos do Curso;


d)   execução dos Projetos de Estágio em Língua Portuguesa e em Língua Inglesa e elaboração e defesa dos respectivos Relatórios de Estágio (Prática de Ensino da Língua Portuguesa II e Prática de Ensino da Língua Inglesa II), no penúltimo e último período do Curso, conforme o caso.

 


Essa proposta de redimensionamento da Prática de Ensino, além de garantir a vivência mais contínua da prática escolar pelo aluno, envolve na sua consecução todas as áreas e profissionais do Curso, corroborando a unidade entre teoria e prática na formação do profissional em Letras.

 

5. Projeto político-pedagógico: construção e renovação

 


A reforma pretendida para o Curso de Letras passa pelo crivo constante da comunidade acadêmica, pois, como afirma Jean Claude Forquin (1993:09) “ninguém pode ensinar verdadeiramente se não ensina alguma coisa que seja verdadeira ou válida a seus próprios olhos”. Assim, a ação de reformular não pode ser entendida como algo estático dentro do Curso, mas como um processo de ações e reações frente aos desafios diários da vida acadêmica e profissional.


No Curso de Letras do Centro de Formação de Professores, essa avaliação está embasada na sistematização das discussões levantadas com toda a comunidade acadêmica de Letras desde meados de 1995, especificamente, em seminários, encontros e debates sobre a Reforma Curricular, a cargo da Comissão de Graduação do Departamento de Letras.


Entendendo, ainda dentro do espírito da LDB, que a Educação Superior  deve preparar o indivíduo não só para o exercício particular de uma profissão, mas também para o exercício da cidadania, o novo currículo de Letras do CFP, em consonância com o previsto na Resolução 39/99, do CONSEPE, prevê a participação do aluno em atividades voltadas para questões relacionadas à Educação Ambiental, Educação Especial e Direitos Humanos, temas transversais de interesse social amplo.


Este projeto representa um referencial de ações norteadoras da Reforma Curricular do Curso de Letras do Centro de Formação de Professores, servindo também de elemento base a partir do qual se constitui o espaço para as discussões em torno de políticas educativas internas. Desse modo, dentre os elementos integradores do Projeto Político Pedagógico pretendido para o Curso de Letras, faz-se necessário a definição dos objetivos do Curso, do perfil do profissional que pretende formar, das competências e habilidades a serem desenvolvidas por este profissional, bem como do campo de atuação a que se destina, itens especificados mais adiante.


Em suma, o Projeto Político Pedagógico reflete a preocupação da comunidade acadêmica de Letras na construção coletiva e permanente do Curso. Daí porque inclui-se também nesse Projeto um Programa de Tutoria Acadêmica – que deverá engajar todos os professores e alunos do Curso na efetivação plena desse Projeto – bem como a definição das linhas de pesquisa e extensão para as quais o Curso tem demonstrado vocação ao longo dos anos e que poderão nortear a produção acadêmico-científico futura de seus docentes e discente.

 

 

V – OBJETIVOS DO CURSO

 


O Curso de Letras do Centro de Formação de Professores tem como objetivo formar profissionais com sólido embasamento teórico e prático acerca da linguagem e seus usos, particularmente  em suas modalidades oral e escrita, em língua portuguesa e/ou língua inglesa.


O Curso deve formar profissionais críticos para a análise da linguagem, a produção de conhecimento e aplicação em diferentes contextos sóciocomunicativos.


O Curso deve habilitar profissionais na área de Letras, em língua vernácula ou língua vernácula e língua inglesa, para o exercício crítico e transformador da prática educativa na Educação Básica, particularmente na segunda fase do Ensino Fundamental e no Ensino Médio de Língua Portuguesa e/ou Língua Inglesa e suas respectivas literaturas.

 

VI – PERFIL DO PROFISSIONAL EM LETRAS

 


O Licenciado em Letras, com habilitação em língua vernácula deve:

 


a)   Ter domínio do uso da língua portuguesa, no que se refere a sua estrutura e funcionamento e consciência de suas variedades lingüísticas e sócioculturais;


b)   Ser capaz de refletir criticamente sobre temas e questões relativas aos conhecimentos lingüísticos e literários;


c)   Ser capaz de articular no seu processo de formação o ensino, a pesquisa e a extensão, entendendo tal processo como contínuo, autônomo e permanente.


d)  Ser capaz de realizar a transposição didática de conhecimentos teóricos desenvolvidos no Curso, adequando-os às necessidades da prática pedagógica no Ensino Fundamental (2ª fase) e Médio.

 


O Licenciado em Letras com habilitação em língua vernácula e língua inglesa, além das características do licenciado em língua vernácula, deverá apresentar características similares no que se refere ao domínio e uso da língua inglesa e suas respectivas literaturas.

 

 

VII – COMPETÊNCIAS, ATITUDES E HABILIDADES


a)   Conhecimento substancial, conforme a habilitação, acerca da estrutura e funcionamento da língua portuguesa e/ou da língua inglesa, em suas diferentes modalidades ou gêneros (orais e escritos) e usos (formais e informais), sendo capaz de analisá-las e aplicá-las em diferentes contextos comunicativos;


b)   Capacidade de reflexão analítica e crítica sobre a linguagem como fenômeno psicológico, educacional, sócio-histórico, estético, cultural, político e ideológico;


c)   Visão crítica das perspectivas teóricas e metodológicas adotadas nas investigações lingüísticas e literárias e na aquisição de uma língua estrangeira;


d)   Capacidade de resolver problemas, tomar decisões, trabalhar em equipe e comunicar-se dentro da multidisciplinaridade dos saberes que compõem sua formação profissional;


e)   Compromisso com a ética, com a responsabilidade social e educacional  e com as conseqüências de sua atuação profissional;


f)     Aptidão para atuar interdisciplinarmente em áreas afins;


g)   Atualização profissional, tendo em vista as exigências do mercado de trabalho.

 

VIII – CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL


O Licenciado em Letras atua em instituições de ensino da Educação Básica, particularmente na segunda fase do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, lecionando a língua vernácula ou a língua vernácula e a língua inglesa, suas respectivas literaturas e disciplinas afins.


Pode atuar ainda nas áreas da crítica literária, tradução e revisão de textos, bem como em assessorias e secretarias culturais, embora não ofereça formação específica para esses campos de atuação.

-----------------------------------------------------------------------


[1] Os novos componentes curriculares do Curso de Letras do CFP estão regulamentados na Resolução que aprova este Projeto.